terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Branding e AI

Quando se fala em branding, logo se pensa em imagem da marca (logotipia e seu manual de aplicação), arquitetura da marca, seu posicionamento no mercado, valores.

O site da empresa normalmente entra como mais um dos seus veículos de comunicação e a preocupação é que se aplique corretamente o logo e que se use imagens de "pessoas felizes" alinhadas com o posicionamento da marca ("precisamos de pessoas com menos cara de gringo, com jeito mais brasileiro").

Dificilmente se considera a arquitetura de informação como um instrumento de branding, deixando-a apenas como uma etapa técnica do projeto. Mas a arquitetura de informação reflete o branding com precisão e, ainda que o logo esteja corretamente aplicado e as imagens corretamente selecionadas, se a AI não fizer as opções corretas pode derrubar totalmente as estratégias do branding.

O site é um retrato fiel da organização que representa. Ele é uma imagem da empresa normalmente muito mais conhecida que sua sede, que muitas de suas ações de comunicação. E não importa em qual categoria ele se encaixe - institucional, comércio eletrônico, serviço, entretenimento, etc - a sua arquitetura de informação deverá refletir o branding.

E é simples entender como isso deve ser feito. A definição da hierarquia das informações e a rotulação das áreas do site, implicam na definição de prioridades e valores, que, por sua vez, devem estar alinhados ao branding. A própria rota de navegação pelo site, a escolha de uma navegação por temas, por público ou por qualquer outro critério, são temas pertinentes ao branding.

Ou seja, mesmo que não se tenha consciência disso, todas as escolhas de AI de um projeto têm estreita relação com o branding. Melhor estar consciente disso durante a condução do projeto.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Wireframe x planta baixa

Arquitetura de informação é processo muito mais que produto. Por isso a comparação entre um wireframe com a planta baixa de uma casa tem os seus limites. É igual, até certo ponto. Enquanto a construção terá que seguir exatamente as indicações da planta, caso contrário a casa, literalmente, cairá, o site poderá sofrer alterações durante sua execução.

E é muito saudável que isso aconteça. Faz parte do processo. O arquiteto de informação não pode ter a pretensão de definir o site sozinho. Há a colaboração do diretor de arte, do desenvolvedor html, do programador.

E há as alterações que acontecem pela própria maturação do projeto. Por isso essa "planta baixa" inicial vai sofrendo atualizações no meio do caminho. Coisa que não acontece com a planta de uma casa.

Wireframe





















quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Caminhos do usuário

Muito antes da internet existir (sim existia vida inteligente mesmo no tempo das máquinas de escrever) um arquiteto me explicou que em questões de urbanismo é preciso primeiro se observar o uso que as pessoas fazem dos locais para só depois mexer neles. Por exemplo, se numa praça existe uma trilha já feita pelo uso dos transeuntes, não adianta traçar um caminho diferente porque as pessoas continuarão a passar pela trilha.


Interessante tantos anos depois eu encontrar esta imagem. E essa conversa ter tudo a ver com Arquitetura de Informação e Usabilidade.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Navegação por hipertexto

Na postagem abaixo eu falei de minha mania de querer ver todas páginas de um site acessíveis pelos menus do site. Mas existe um site que não faz isso, que estrutura sua navegação em hipertexto e é muito, muito bom. Quem me chamou a atenção para isso foi a Ana Coli. Esse site é o IMDB - The Internet Movie Database.

Apesar de ter menus de categorias, acredito que eles sejam muito menos usados que a busca e os hipertextos. Neste site os hipertextos têm razão de ser e total pertinência. São mais que um aprofundamento de um tema ou uma nota de rodapé, como costuma acontecer. Eles são uma associação de idéias - ou de informações - que naturalmente surge quando o tema é esse: filmes, atores, diretores.

Além disso, obviamente, seria impossível ter todo o conteúdo daquele banco de dados disposto em menus. E aqui os hipertextos se tornam uma navegação realmente inteligente e pertinente.

Navegação larga e profunda

Eu tenho algumas manias. Uns dizem que é TOC, outros que é obsessão, enfim... Uma delas é que ao desenhar um wireframe eu quero que todas as páginas sejam acessíveis pelo menu. Me incomoda muito a navegação quando uma página é acessada apenas por um link ou um botão no fim de um texto, por exemplo. Ou seja, quando só se chega a essa página por meio de um elemento de navegação que não é um item de menu.

Em alguns casos não há mesmo outra solução. Mas eu procuro evitar ao máximo que isso ocorra.
Por isso me agradou tanto a solução de navegação encontrada pelo Yahoo! Foods, ideal para sites muito grandes horizontalmente e muito profundos. Um bom racional sobre essa solução é encontrado aqui.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Foco no usuário x foco no cliente

Em tudo o que lemos ou estudamos sobre Arquitetura de Informação está o mantra "foco no usuário", aprendemos que temos que olhar para as necessidades do usuário. Entretanto, trabalhando em agência, na produção de sites comerciais, nos deparamos com muita freqüência com o "foco no cliente". No dia-a-dia somos levados a atender as necessidades do cliente e não as do usuário. Quantas e quantas vezes não somos forçados a adotar uma solução que agrada ao cliente, mesmo sabendo que não é a melhor solução para o usuário?

Enquanto aprendemos tendo em vista qual informação o usuário busca e como ele a procura, diariamente nossa tarefa é encontrar a melhor maneira de apresentar a informação que o cliente quer mostrar. E muitas vezes seus critérios são exclusivamente comerciais, levando a um desvirtuamento das boas práticas de arquitetura e usabilidade.

No caso de intranets, por exemplo, é comum o usuário nem ser ouvido. São levadas em conta apenas as necessidades das diretorias e as decisões são basicamente políticas. Participei de um projeto de um site que tinha uma postura bastante agressiva, com bastante ênfase, para as áreas de Recursos Humanos e Trabalhe Conosco. Foi mudar o diretor da área para mudar totalmente o posicionamento e a relevância desse conteúdo no site. Ou seja, ainda há muito personalismo na condução dos sites comerciais.

O cliente, de uma maneira geral, ainda vê a internet como uma via de mão única, como mais um meio para ele comunicar sua mensagem, como num folheto ou num comercial de tevê. Muito se fala em web 2.0, afinal é o termo da moda, mas pouco se pratica.

Acho que o grande desafio do arquiteto de informação nas agências hoje é catequizar os clientes sobre a importância do foco no usuário. Senão os sites continuarão a ser um meio mal explorado - e conseqüentemente menos rentável ou mais custoso do que poderia ser - e web 2.0 será apenas mais um modismo marketeiro, como tantos outros.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

AI no Carnaval

Estive no Sambódromo assistindos aos desfiles das escolas de samba de São Paulo e comecei a reparar como as escolas de samba trabalham bem sua Arquitetura de Informação. Elas têm uma informação principal, o enredo, que é exposto ao público em três camadas: letra do samba, fantasias e carros alegóricos.

A primeira camada, a letra do samba, permeia todo o desfile, é um elemento de "navegação" perene. Já as duas outras camadas se unem em uma determinada ordem hierárquica e cronológica que segue uma lógica narrativa. A seqüência apresentada - comissão de frente, carro abre-alas, alas, carros alegóricos, bateria - tem que representar o enredo e traduzi-lo imageticamente.


Foto: Camila Guelfi

Enquanto o samba trabalha as palavras, o conteúdo do enredo, as fantasias e os carros alegóricos trabalham sua representação gráfica.

Duvido que os carnavalescos tenham lido o livro do urso polar. Mas estou disposta a começar a freqüentar a quadra de algumas escolas para ver se aprendo um pouco mais de AI com eles.


Foto: Camila Guelfi